sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

A CRUZADA




Predestinado a uma promissora carreira política, teve-a ao seu alcance ainda moço.Tudo se conjugava para que assim fosse.
Estudante trabalhador ( bolseiro?) por conta do regime . Alto patrocínio do então governador das Terras de Loulé. Comissário da juventude louletana, dinâmico, fatinho e camisa cor de rosa.
Algo correu mal na alavancagem da sua auspiciosa carreira política.
De nada serviu o ciclópico esforço para concluir a licenciatura ao mesmo tempo que suava as estopinhas ao serviço do governo das terras de Loulé. Ninguém lhe reconheceu as qualidades. Ingratos !!!!!!
Inconformado, logrou revoltar-se contra as injustiças do regime, lançando uma CRUZADA contra o herdeiro do ex-governador das Terras de Loulé, que entretanto emigrara aquela cidade que inventou as couves muito pequeninas e tem como símbolo um miúdo a fazer xixi.
Não poupou a pena na denúncia de atropelos, injustiças e outros desmandos do vice governador das Terras de Loulé, entretanto promovido a governador. E teve sucesso na CRUZADA que lançou contra os infiéis socialistas.

Apeados os ditos infiéis, sucederam-lhe os laranjas. Quem mais poderia ser, a alternancia democrática é mesmo assim.
O cuzado foi ouvido, entendido e acolhido.
Mesmo carimbado com o epíteto de vira casacas, não se fez rogado na ultrapassagem à concorrência dos jovens laranjas genuínos e fez-se convidar para o cargo de ajudante do governador do LC.
Homem de fé inabalável, esgrimindo a pena e a malinha de vento, resistiu estoicamente às campanhas que contra si iam sendo zurzidas pelos preteridos do novo regime.
Não chegou a aquecer a cadeira de ajudante do governador do LC.
O coro dos preteridos, com a argúcia própria de uma velha raposa, endereçou-lhe um simpático convite para desempenhar as funções de governador dos desempregados louletanos. Conhecedor das vicissitudes de uma carreira política, sabendo que o leiteiro nunca bate à porta duas vezes, não enjeitou a oportunidade e transferiu a sempre inseparável malinha de vento para a vizinhança do Duarte Pacheco.
As carreiras políticas são como uma montanha russa, feitas de pontos altos e descidas vertiginosas. A atracção do Durão Barroso pela terra das couvinhas e do menino a fazer xixi e os desmandos do ex governador de Lisboa, arrastaram na desgraça o jovem da CRUZADA, obrigando-o a transferir novamente a malinha de vento para a corte do governador do LC.
Com o cargo de ajudante do governador sabiamente ocupado pela sagaz raposa da freguesia de baixo, acomodou-se nas modestas instalações do paga pouco e ascende meteoricamente à condição de chefe das coisas económicas do governo do LC.

Finalmente, a árdua cruzada travada contra os infiéis foi condignamente recompensada.
Finalmente chefe, com muitas horas vagas, não lhe foi difícil descobrir que a malinha de vento também servira para guardar religiosamente os escritos com que ajudou a derrubar os infiéis na CRUZADA.
Convencer o governador do LC a patrocinar e pagar a primeira edição de obra prima, foi só uma questão de esboçar argumentos irrefutáveis.
A CRUZADA, assim se chamará a obra prima, substitui com vantagem aquela revista chata com um título mouro e que habitualmente enche aquele saquinho de papel LC que o governador manda oferecer a todos os ilustres que nos visitam.
Ou melhor ainda. Quando algum ilustre louletano for chamado ao concurso do preço certo, o senhor governador não ficará envergonhado com o conteúdo do saquinho de papel LC que o distinto louletano irá oferecer ao Fernando Mendes. Se, além dos isqueiros, das canetas, dos portas chaves, dos porta cartões e tantas outras lembranças do LC , o senhor governador do LC mandar juntar a CRUZADA , símbolo da genuína cultura louletana, exultará o Fernando Mendes e toda a entusiástica plateia que assiste ao concurso do preço certo.

E eis que, fruto de uma criteriosa e ponderada selecção, a CRUZADA logrou obter o alto patrocínio do governador do LC.


Publicada a obra, há que fazer a sua apresentação. Com pompa e circunstância. Nada de uma pindérica sessão de autógrafos como fez o Santana Lopes. A apresentação de uma obra prima, como será a CRUZADA, merece uma cerimónia de nível superior, com canapés e pasteis de bacalhau, acompanhados do sempre presente espumante comemorativo do lançamento das grandes obras de arte. O senhor governador do LC também mandará pagar. Que se cuide o Borat.
Como é obvio estão todos convidados.

Caro(a)s colegas
Venho pela presente dar-lhes a conhecer a apresentação de um livro da minha autoria, de seu nome “A Cruzada”, cuja apresentação irá ter lugar no próximo dia 7 de Dezembro, pelas 18h00, na Biblioteca Municipal de Loulé. O livro resulta da compilação das crónicas que escrevi entre Março de 2000 e Janeiro de 2002 e é editado pela Citymap (editora proprietária do Jornal “A Carteia”) e conta com o apoio da CMLoulé. A terminar, apesar de compreender que a disponibilidade de muitos de vós, porventura, não permita que vão ao local, saibam que gostaria de contar com a v/presença.

O autor.

25 comentários:

Anónimo disse...

Não deixas de ter razão. Não é por acaso que o Carteia sempre foi alidadinho com o João Semana. Vou tentar fazer as contas publicados pela CML. Se o cruzado é quem eu penso, está na cara que se trata da mesma pessoa, o homem da malinha de vento até já anunciou a sua próxima colaboração no jornal Carteia. Contra quem será a próxima cruzada. Contra o governador da freguesia de baixo?
A propósito, parabens pela prosa. Deu-me um especial goso a cena da malinha de vento.

Anónimo disse...

eu conheço esse gajo.
ja foi militante da JSD depois da JS e PS, depois do PSD, agora não se sabe bem de quem é, mas tambem foi do campinense, louletano, rugby clube loulé, barreiras brancas, tubaroes de quarteira, tigres de loule, ainda fez ou faz parte das tertulias do ateneu portas de ceu, fernando pescas e mais algumas que possam dar nas vistas.
na camara ja foi chefe sem puder ser porque o padrinho dele na altura, um tal de JV, gostava do rapaz, o homem foi chefe da juventude, adjunto, corrector de facturas e agora manda nas taxas. nas artes tambem surpreendeu como analista, colunista e agora como escritor, oportunista e cego pelo poder? NUNCA. desde que o joao semana o recrutou o homem engrandeceu, teve mais que uma secretaria, sinal da sua importancia, muito trabalho como devem calcular. o joao semana levou ao colo o malinha de vento, mesmo que os seus companheiros não apreciem troca-tintas, isto deve ser mentira. que sejam todos muito felizes, felizmente que temos muito melhor e é pena que ele nao tenha ficado ao lado dos xuxalistas, ficavam bem um para o outro, ainda gostava de conhecer a verdadeira historia da saida dele do PS e quem o deixou entrar no PSD, se calhar só num proximo livro.

Anónimo disse...

O malinha de vento, também conhecido por M&M, derrete na boca e não na mão, foi apanhado muita vez com a boca na botija...salvo seja... já foi director dum centro para o pé da estátua, e agora o João Semana bem o tenta manter alinhadinho, pois o que ele fez ao VA e ao JV nos jornais, bem pode fazer ao João Semana e seus comparças... O Gajo até pensa que escreve bem... Quewm será que para aos jornais para elel escrever em todos e mais alguns... Ou pensa ele que será o próximo cãodidato à cadeira do João Semana...! Força maltinha...

Anónimo disse...

O malinha de vento andava com manias de mandar na malta da JSD, nao lhe deram troco e aliou-se ao patinhas que o perfilhou.Foi a reboque deste e daqueles que nunca deram a cara pelo PSD.Juntou-se a fome com a vontade de comer,o malinha de vento é um clone juvenil do patinhas.Volta Santana que fazes falta.

Anónimo disse...

Não vejo qual a utilidade deste Blog a não ser mentir sobre assuntos sérios com o anonimato cobarde que a blogosfera permite, infelizmente.
Ao contrario que o infeliz remexido afirmou, e agora vocês, este executivo tem sido impar na sua governação, as finanças ficaram equilibradas, os fornecedores pagos e apareceram novos projectos, vejam o exemplo dos equipamentos escolares e do apoio as colectividades, nunca tanto se fez em tão pouco tempo. Os Louletanos reconheceram os esforços e empenho, e votaram massivamente no PSD para novo mandato, reparem, com os mesmos elementos, isto é sinal de confiança e esperança no futuro com estes homens. Se realmente querem mudar o Concelho para melhor, destapem a cara e participem civicamente no crescimento do nosso Concelho. Basta de calunias e boatos, o ambiente na Câmara de Loulé, nunca foi tão saudável, não sejam mentirosos, existem pessoas que começaram a perceber que o tempo do disparate acabou, a ínfima minoria refila, mas esquece-se que as medidas impopulares que as autarquias são obrigadas a tomar, são emanadas do Poder Central, os mesmos que em tempos lhes terão dado emprego como forma de premio ou pagamentos de favores; hoje trabalha-se com gente séria e honesta, aceitem isso e conformem-se, ajudem em vez de empatar e fazer o jogo daqueles que nada fazem e só sabem caluniar pessoas honestas.
Espero que publiquem este comentário, se realmente diz-se ser democrata

Anónimo disse...

É curioso que nenhum dos comentários abordou a parte mais séria do post. De pouco me importa que o MM seja um oportunista e só derreta na boca. Importa-me sim, a forma como a CML gasta o dinheiro que arrecada em impostos. Porquê pagar a edição de um livro que mais não é do que a compilação de artigos verrinosos, inspirados em vingança política de um qualquer malinha de vento, a quem o Seruca não teve coragem de por no seu sítio, isto é, a trabalhar que é para isso que a CML ( e não o Seruca) lhe paga o ordenado que todos os meses lhe é creditado na conta. Porquê mais esta acção de propaganda? O Seruca não percebe que está rodeado de uma chusma de oportunistas que só estão com ele para sacar, sacar, sacar.... e no dia em que deixem de sacar, levantar-se-á mais uma cruzada contra ele, como já aconteceu com o JV e com o Vitinho.

Anónimo disse...

Viva "Laurinda".

Oportuno esse teu comentário, mas já no "outro tempo" se pagavam livros a escritores de duvidosa qualidade.

Tudo à custa o erário publico.

Quanto ao Seruca...

Acho que ele continua anestesiado.

Despreza quem sendo capaz o poderia ajudar a saír de cabeça erguida e eleva quem amanhã, certamente, lhe morderá a mão.

É a Lei da vida e como já ando por aqui há uns anos, nada me surpreende!

Anónimo disse...

Pois caros, é com a Laurinda que concordo!
Se o João eleva as virtudes e há algumas na acção deste executivo, não pode ignorar, por tão evidente ser, que existe quem se governe bem à conta do orçamento e não justificar com obra compatível e até serem degradadora presença para uma imagem pública que alguns querem afirmar impoluta. "Não basta a Cesar ter uma mulher séria..."

FenixRemix disse...

Amigo João Silva
Estranhamos o seu receio de não lhe publicarmos o comentário. Aqui pratica-se a democracia, de rosto velado, mas pratica-se. Lá para as bandas dos seus amigos da governança LC, tenho sérias dúvidas.
Começamos por referir que em momento algum insinuámos sequer, que o ambiente na CML não era saudável. Pelo que sabemos, mesmo sem cumprir a lei sobre a higiene e segurança no trabalho, o governador do LC garante o pagamento integral dos medicamentos, das consultas, dos meios auxiliares de diagnóstico, etc através da ATAL. Porque razão o ambiente não seria saudável.
Discordamos da sua opinião em relação às finanças equilibradas. É por demais evidente que as finanças da CML estão desequilibradíssimas, por excesso de liquidez. Então não fecharam as contas de 2005 com um superavit de 2 milhões de contos que não souberam investir nas necessidades básicas do concelho. É por isso, por não saberem o que fazer ao excesso de dinheiro, que cobram, que o governador do LC paga a edição de um livro do malinha de vento e todas as mordomias para o seu lançamento. Não duvidamos que o mentor desses gastos sumptuários é o ajudante da freguesia de baixo, tal a necessidade de calar o malinha de vento que já vinha a revelar-se algo incomodativo.
Muito impressionados ficámos com a visão lúcida que revela ter sobre a quantidade de novos projectos que o governador do LC diz ter. Que novos projectos para o concelho ? Tem alguns? Falamos de projectos estruturantes para o concelho e não de alargamentos de cemitérios que já deviam estar concluídos no tempo do JV. A não ser que considere projecto estruturante a anunciada mudança dos equipamentos desportivos da cidade para o mega parque desportivo municipal a construir no sítio da renda, naquele terreno que o ajudante da freguesia de baixo ajudou a negociar, como o saudoso Remexido recentemente denunciou.
Aproveitamos para saudar os trabalhadores da CML que o Sr João Silva apelidou de ínfima minoria. Imaginamos como têm sido tratados nestes últimos tempos pelos serviços de informação do governador do LC e do ajudante da freguesia de baixo. A essa ínfima minoria que não goza das mesmas regalias e do mesmo estatuto de todos os malinhas de vento que o governador do LC encheu a CML, o nosso abraço solidário.
Quanto ao Sr João Silva, ímpio e míope defensor do regime, continue a escrever-nos que não será censurado.

Anónimo disse...

mó, nã vêm co gajo nã tem tempo nem para cruzar as secretárias?
aprendeu com o JV ou com antigo vice deste, é só suruba.
e os parvos somos nós

Anónimo disse...

Olha, olha... realmente há por aí joões silva... mascarados de Joões Silva! Nada de anonimato, na senhor... nada disso!
Lacaios do poder até deviam assinar com o número do bilhete de identidade para que os J.Semana a quem lambe botas possam "reconhecer-lhes" o serviço!
Com que então, um bom ambiente no palácio de J. Semana? Ai é?
O nosso homem tem jeito, sim senhor. Vai ver-se ainda a escrever um livrinho de anedotas que será naturalmente, editado pelo Carteia e pago... com o nosso rico dinheirinho que não custa nada a ganhar ao Batão Semana!
Para dar graxa precisa ser sibilinamente hipócrita e mentiroso? Bastar-lhe-ia ajoelhar aos pés do patrãozinho, com um cesto de laranjas numa mão e... bom, eu depois explico.

Anónimo disse...

Cambada de invejosos.Voces não têm nem metade da pinta que o MM tem quando se põe a escrever para os jornais.Tem razão o Sebastião Semana em apoiar o livro do homem.Coisas muito piores já foram editadas com o alto patrocínio daquela casa e,já agora, com o nosso dinheirinho.O Sebastião Semana revela gratidão para quem foi tão importante na varredura dos XUXAS.Fica-lhe bem a gratidão para além de prevenir qualquer cruzada manhosa que pode organizar-se no melhor da festa.
Dótô S.Semana vá em frente e não ligue a meia dúzia de viciados nos Blogues que ninguém lê.
Já perguntei várias vezes aí na rua se sabiam desse tal Ramexido nem uma única pessoa be respondeu coisa com jeito.
Publica se quiseres mas não venhas para cá com lições de moral merdosa como fizeste com o João Silva.

Anónimo disse...

O que me parte todo, é saber que quem assina o perfácio da obra, é aquele senhor deputado que agora só anda de kimbóio porque é muito eCUlógico.

Anónimo disse...

Algém foi ao lançamento do livro? O João Semana estava lá? Contem-me lá porra.

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA
O PULHA - Prólogo

Sou Tácito. Cornélio Tácito, lembram-se? Sou assim uma espécie de inventor da História! Como Possidónio, Tito Lívio ou Plínio, o Velho. No nosso tempo, na Roma antiga, gostávamos de escrever coisas longas, profundas… Textos cheios de princípios filosóficos, éticos e morais.

Sei que hoje, sobretudo na terra dos Lusos, onde os esculápios se armam em gestores da “coisa pública”, as coisas não se passam assim. Querem prosas leves, muito curtas, que não cansem as cabecinhas.
Ou pulhices com veleidades de “cruzadas”, sobretudo quando essas lides servem os esculápios e os autores… se servem destes.

Ora bem, eu tinha-me proposto escrever “a História da Pulhice Humana”. Assim uma coisa a jeito de tratado, com base nas ideias de Jorge Luís Borges; com a profundidade e clareza de um Lars von Trier; se possível, com a graça e o cinismo verruminoso de um cartoonista português de nome José Vilhena.

A ideia veio-me depois de conhecer O PULHA. O verdadeiro Pulha, da terra do esculápio-autarca, um verdadeiro troca-tintas, à vez sabujo ou traidor, exemplar magnífico da pulhice. Mas, como não quero cansar os leitores, decidi escrever a minha História em capítulos, a jeito de folhetim.
Tenham paciência. Vão ver que não perderão o vosso tempo neste estudo de caso.

Tácito

Próximo capítulo: Cap. 1º - O NASCIMENTO DO PULHA

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA
O PULHA

Capítulo 1º - O NASCIMENTO DO PULHA

Nasceu longe. Melhor: parece que nasceu, mas não há a certeza de que alguma mãe pudesse ter vontade de parir uma coisa daquelas.
Sobretudo, estando em terra alheia. Coisa que lhe saísse do ventre só poderia ser “un chupón sacapuntas” de linguajar espanholês.
Portanto, não pode o historiador garantir que “a coisa” nasceu.

Certo, certo, é que houve baptizado. E como em todas as boas histórias, ao baptismo, compareceram as fadas da “tierra de chavez”, tresandando a petróleo, a flor de goiaba e a ganzas rafadas. Eram cinco, as magas senhoras; desgrenhadas, barulhentas, com um grão na asa e a cheirar a chulé.

A primeira fada falou: “Eu te fado para que sejas sempre um repugnante lambe-botas”. E lá se foi saindo, à cata de eventual pastelinho de bacalhau.

Veio a segunda fada e disse: “Eu te fado para que sejas um poço de inveja peçonhento”. E, depois de agitar a varinha, saiu janela fora, ao encontro do “dealer” de serviço na área.

A terceira fada bateu três vezes com a varinha e vaticinou: “Eu te fado para que sejas capaz dos truques mais sujos para tirares vantagens para ti mesmo, ainda que todos se enojem de ti”. Com uma gargalhada cínica, num salto acrobático, montou na vassoura e partiu.
(para não cansar, CONTINUA)
Tácito

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA

O PULHA

Capítulo 1º - O NASCIMENTO DO PULHA - continuação


Quando a quarta fada chegou, abanou a cabeça e disse “Ficas fadado para enfadares toda a gente e toda a gente se enfadará de ti, meu pulha”; e voltou as costas sem mais uma palavra.

A quinta e última das parcas era a mais velha, a mais sabida. Chegou devagar, coçando na grenha piolhosa, com ar misterioso. Quedou-se um bocado calada e depois, em voz pausada, vaticinou: “Serás sempre um presumido preguiçoso e velhaco, um sapo em pé com empáfia de intelectual, com presunções a chefe, a escritor, a grande homem. Mas não te iludas. Todos se rirão de ti.”
E, quando já lhe tinha virado as costas, como a coceira na guedelha era cada vez maior, girando o pescoço, acrescentou: “Hás-de ficar careca bem cedo, porque os teus miolos não terão força nem para suportar a raiz do cabelo”.

Afastando-se a última das magas, chegou o padrinho. Um homem cujos ideais tinham sumido no calor do forno de padeiro que lhe consumia os dias e noites.
O homem parou e, à pergunta “como se vai chamar o fedelho”, ficou a cismar, olhos perdidos no vácuo. Dos seus lábios indecisos, saiu um murmúrio: “mmmmmmmm….”

E foi assim que o párvulo ficou conhecido por “Mêmê”.


No próximo capítulo: O DELFIM DO JV (O JAQUINZINHO)

NB: Qualquer semelhança deste relato com factos reais, ou das suas personagens com personagens da vida real é pura coincidência. O autor,
Tácito, o historiador

Anónimo disse...

eSSE GAJO QUE TÁ A ESCREVER A HISTÓRIA DO pULHA DO mALINHA DE vENTO é que merecia apoio da CML para publicar os anais da corte do João Semana.Há tanta coizinha boa pa conta.
Porra que o homem sabe escrever e tem muita graça.Quem será o talento desconhecido?

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA
O PULHA

Capítulo 2º - O DELFIM DO JV (O JAQUINZINHO)

Parece que o fedorentozinho já na creche, para onde o levavam diariamente para não o terem de aturar em casa, se colava às saias da educadora, à cata de protecção e dos mimos, ao mesmo tempo que se entretinha a acusar os coleguinhas, a quem roubava o lanche e sujava os bibes, só por maldade ou pequena vingança.

É certo que, desse período, pouco se conhece dos progressos do pequeno patife; mas a quem iria interessar-se pelas tropelias e traições infantis do mostrengozinho? Saltemos, então esse período da vida do nosso herói.

Ora, nas voltas da vida, calhou ao “nosso” Mêmê vir cair na terra onde pontificava o regedor JV, mais conhecido pelo Jaquinzinho.

Acontece que Jaquinzinho era também, por essa altura, o chefão de um grupo organizado para as suas conveniências. “Para servir” (PS), assim se chamava na organização do Jaquinzinho.

O regedor tinha, porém, um pequeno rebanho de estimação de que gostava de se fazer acompanhar, para mostrar que tinha vassalos. Para onde quer que fosse, Jaquinzinho levava o seu grupinho de JS (Jovens Sabidos) onde, além dos verdadeiros sabidos, havia, igualmente, o grupo dos “jovens sabujos”.

( CONTINUA amanhã )
NB: Qualquer semelhança deste relato com factos reais, ou das suas personagens com personagens da vida real é pura coincidência. O autor,
Tácito, o historiador

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA
O PULHA

Capítulo 2º - O DELFIM DO JV (O JAQUINZINHO) - continuação


Mêmê percebeu logo que estava ali a oportunidade que a primeira das fadas lhe vaticinara. Lamber botas era, pois, o primeiro passo. Depois se veria como poderia aproveitar para as passadas seguintes. E lá correu, entusiasta até mais não, a juntar-se aos JS (não se sabe se a qual das categorias, claro; nem ele saberia. Depois; depois se veria.

E Mêmê foi crescendo, ficou um rapazote espigado, atrevido, sempre afadigado, a fingir que fazia o que os outros faziam. Deu nas vistas do Jaquinzinho e tornou-se o seu cachorrinho de estimação.
Sempre pronto a limpar a lama que salpicasse o verniz da sapatorra de JV, lá estava ele a fazer queixinhas dos outros, sugerindo ao chefe que seria mais capaz que outro qualquer a cujo lugar ambicionasse.

Foi assim que Mêmê chegou a ser uma espécie de “chefe de escuteiros mirins” da juventude que servia Jaquinzinho. Começava a cumprir-se a profecia da segunda fada: a inveja.

(não vos quero cansar: CONTINUAMOS amanhã)

NB: Qualquer semelhança deste relato com factos reais, ou das suas personagens com personagens da vida real é pura coincidência. O autor,
Tácito, o historiador

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA
O PULHA

Capítulo 2º - O DELFIM DO JV (O JAQUINZINHO) - continuação


É claro que Mêmê sempre ia encontrando maneira de roubar as ideias dos companheiros para as apresentar a JV como se da sua cabeça tivessem saído. Não se sabe bem o que o patrão lhe terá prometido, então. Mas o nosso jovem começou, por essa altura a receber uns tostanitos, ao mesmo tempo que visava ganhar calo para chefe, ao receber por missão a responsabilidade de tomar conta da creche.

Era evidente que essa não era a vocação do moço. Quem quisesse encontrá-lo, não seria na creche; era só buscá-lo em sítio onde passassem as garotas da escola e os amigos. Como a coisa se tornava notada, alguém (talvez mesmo JV) lhe terá recomendado que passasse a ostentar uma pasta para onde quer que fosse. Mesmo que vazia, a pasta sempre poderia deixar a ideia de que o moço andava a fazer qualquer coisa de útil.

Começava a desenhar-se aquilo que a terceira das bruxas tinha preconizado: todos os truques sujos lhe eram válidos.

(não vos posso cansar, nesta época festiva: CONTINUAMOS amanhã)

NB: Qualquer semelhança deste relato com factos reais, ou das suas personagens com personagens da vida real é pura coincidência. O autor,
Tácito, o historiador

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA
O PULHA

Capítulo 2º - O DELFIM DO JV (O JAQUINZINHO) – continuação


É claro que o patifezinho tinha mestres na arte de apontar truques sujos e sempre se socorria das habilidades dos mais velhos para ir sacando proveitos próprios.
Ora o Mêmêzinho, por essa altura, andaria talvez pela 4ª classe mas mesmo assim, lá tinha conseguido que o Jaquinzinho o tivesse nomeado uma espécie de “chefe de divisão” dos putos, lugar que, no organograma da regedoria de JV, exigia, como habilitação mínima, a aprovação no exame de admissão.
Ao aperceber-se da coisa, senhor Jaquinzinho lá encontrou a forma de o fedelho não perder o lugarinho que lhe ia permitindo a veleidade de ser o delfim do chefe. Vai daí, o regedor criou-lhe uma espécie de “sub-coordenadoria especial” que ia permitindo ao moço pagar as prestações do descapotável em 8ª mão, ao mesmo tempo que lhe dava tempo para continuar a ver passar as moçoilas à porta do café do tio.
Era uma forma de facilitar ao protector uma pré-selecção daquilo que JV considerava o “gado” que em seu entender lhe devia o direito de pernada.
Isso a Mêmê era quanto bastava para se sentir realizado, até porque o Jaquinzinho, de vez em quando, lhe permitia acompanhá-lo nas suas excursões cinegéticas pelos bordéis e bares de alterne da região.

(como prometi, não irei cansar-vos: CONTINUAMOS amanhã)

NB: Qualquer semelhança deste relato com factos reais, ou das suas personagens com personagens da vida real é pura coincidência. O autor,

Tácito, o historiador

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA
O PULHA

Capítulo 2º - O DELFIM DO JV (O JAQUINZINHO) - continuação


Por esses tempos, ainda o regedor se permitia acompanhar com a plebe; e o nosso Mêmêzinho lá ia, ufano, como cachorro a abanar o rabito, atrás do homem, escorropichando uns finos aqui, umas imperiais ali… Sempre à mão de semear do padrinho, começaram os outros a olhar de soslaio para o mariola; a tal ponto que, fartos de o verem à borda do outro, lhe começaram a chamar “Al-bordinha”.
Ora o malandreco começou, deste modo, a julgar-se também um irresistível varão. Usava brilhantina – pois nesse tempo ainda tinha umas farripas de cabelo, ao contrário do que lhe vaticinara a fada-madrinha – e desatou a envergar uma vestimenta de cabedal que, a seu ver, lhe dava o ar de irresistível engatatão. Não era assim que pensava a Ritinha, sua vizinha que o mariola mirava com ar guloso.
Ná! A rapariga não lhe dava troco. E ria-se dos esforços do nosso Mêmê, como antes se rira das olhadelas de carneiro mal-morto que o Jaquinzinho lhe lançava, ao tempo que a mulher, farta das traquinices do regedor, lhe pusera as malas à porta.
Para mais, o pai da moça gostava de usar uma camisola laranja e era inseparável do Capachinho, um fadista da terra que, oportuna e oportunistamente, se metera em altas políticas. A Ritinha, fina como um coral, trazia os dois patetas pelo beicinho e, às amigas, ia contando as peripécias do “Gadelha” – era assim que se referia ao regedor) – e do “Seboso” – nome que lhe era sugerido pelo ar arrufiado do moço de cabedal.


(como prometi, não irei cansar-vos: CONTINUAMOS amanhã, para acabar este capítulo)

NB: Qualquer semelhança deste relato com factos reais, ou das suas personagens com personagens da vida real é pura coincidência. O autor,

Tácito, o historiador

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA
O PULHA

Capítulo 2º - O DELFIM DO JV (O JAQUINZINHO) - continuação

Nada, porém, se metia de permeio entre Jaquinzinho e o “nosso” herói: unha e carne, serviam-se um do outro com vantagens para ambos os lados: a Jaquinzinho, dava jeito que o moço, entre a juventude e na creche da terra, fosse cantando loas a seu respeito; a Mêmê, a protecção do padrinho ia servindo para manter a vidinha de ócio cor-de-rosa que tanto lhe agradava. Agradava-lhe mesmo andar a passear aquela malinha nova, reluzente e inútil. Uma existência assim tinha de agradar. Oh, se agradava!
Tanto, que lhe deu um dia em atinar que deveria ser o director do clube dos JSs.
JV adorou e logo apadrinhou. ideia, imaginando que, com o fedelho à frente, o clube se tornaria alfobre de múltiplos Mêmês de pacotilha, prontos a servirem-lhe de molhelha.

Ora, como os meus leitores se devem lembrar, havia duas facções no grupinho dos “Jovens Sabidos”: os verdadeiros jovens sabidos e os jovens sabujos.
Como os primeiros não estiveram pelos ajustes de se tornarem lacaios do regedor e, muito menos do seu velhaquete, decidiram afrontar a candidatura deste.
Foi por isso que, de um momento para o outro, surgiram duas listas em confronto: a dos JS (Jovens Sabidos) encabeçada por um tal Pulo Aquém e a dos JS (Jovens Sabujos), que tinha à cabeça o nosso Mêmê.
O confronto foi dramático para o nosso pulhazito: o Aquém abarbatou dez vezes mais adeptos que ele, para desespero e ira do regedor e para raiva incontida do jovem Seboso, no seu fatinho de cabedal untuoso. É que, desta vez, nem às bordinhas chegou!

Fim do segundo capítulo.

Próximo capítulo: NO HIMALAIA DA AMBIÇÃO

NB: Qualquer semelhança deste relato com factos reais, ou das suas personagens com personagens da vida real é pura coincidência.

O autor,

Tácito, o historiador

Anónimo disse...

HISTÓRIA DA PULHICE HUMANA
O PULHA

Capítulo 3º. – NO HIMALAIA DA AMBIÇÃO

Cabe aqui fazer um parêntese na “História da Pulhice Humana”, para colocar o leitor na rota precisa, de onde, de vez em quando, nos permitimos divergir¬.

Estavam então, as coisas neste pé nas terras do regedor Jaquinzinho: este, liberto das grilhetas matrimoniais, saltitava de flor em flor, exibindo prosápias de quem se tinha permitido atravessar a vida sem grandes cuidados ou canseiras, usando de todos os estratagemas para fugir ao trabalho, iludindo sobre posses e capacidades, ludibriando incautos.

Mêmê, esse, ia tomando a escola do mestre, a quem continuava a servir como moço de recados: hoje organizava um passeio, amanhã uns jogos e umas malandrices para os miúdos da escola e, quando o sol se aproximava do horizonte, levava recados do padrinho às matronas casadoiras ou mal-casadas dos arredores, dispostas a um pé de dança na discoteca “O Beijo” ou a uns copos na corredoira do “Capítulo Nono” ou, dispensando isso tudo, pura e simplesmente, a experimentar a flexibilidade de um colchãozito de molas do hotel São Pedro – que isto de ser parelha do regedor, nem que fosse por uma só noite, não era para toda a gente e constituía coroa de glória para qualquer balzaquiana frívola, de dez léguas ao redor.

(amanhã CONTINUAREMOS)

NB: Qualquer semelhança deste relato com factos reais, ou das suas personagens com personagens da vida real é pura coincidência.

O autor,
Tácito, o historiador